Parabéns ao tempo
Desde já gostaria de deixar uns parabéns antecipados à minha pessoa, que acho que merece por uns 17 anos bem passados, completando-se estes no dia de amanhã. E disso mesmo se trata este artigo que vem quebrar a monotonia que tem infectado este blog nos últimos tempos. Exames, férias e preguiça são uma mistura bastante corrosiva caros leitores...
Mas ora bem, num momento de reflexão sobre a minha festa de anos, a dúvida instalou-me um bixinho (não dos fofos, mesmo daqueles confusos) na cabeça. E a questão é, que tenho eu a celebrar ?
Evidentemente que foram uns 17 anos equilibradamente bem vividos. Bons momentos pra recordar, uns precalces pelo caminho, mas também de que vale uma grande jornada sem um pouco de aventura pelo meio ? Posso gabar-me de ainda manter amigos de infância, fora outras amizades forjadas ao longo dessa caminhada de sapatilhas da Nike que já dura quase duas décadas. Tem sido uma vida feliz, não posso negar, mas e então ?
A questão é mesmo essa, estes 17 anos mostram o culminar de todos esses momentos, de todas essas situações, que por mais caricatas que tivessem sido, cria uma nostalgia no aniversariante e é aí que tu pensas... “nunca mais vou voltar a viver aquilo.”
Momentos como quando o Rik e Rok entraram pela minha festa de aniversário a dentro, as minhas férias no Brasil (não pelas melhores razões) ou quando enfrentei o Voldemort...uups isso foi o Harry Potter lool.
Porque além de circunstâncias e companhias,
existe uma certa altura na vida para viver determinados tipos de coisas. Ora nesta idade, embora ainda possa “mimicar” vários momentos, mesmo que não com o impacto dos anteriores, “existem sitios que nunca mais poderei explorar”, metaforizando a situação claro.
E deparo-me assim com essa nostalgia, a de um passado a cada ano mais distante e que nunca poderei tornar a vier.
Por outro lado, este dia significa o peso de mais um ano nos ombros. Primeiro de tudo, mais responsabilidades, a um passo da faculdade da de maior idade. Cada vez mais problemas, questões, decisões a tomar, rumos a escolher.
Mas além disso coloca-se o debate filosófico. Se a vida é curta como dizem, não quer este dia dizer que cada vez mais curta ela fica ?
Não será cada aniversário um balde de água tirado de um pequeno lago ? Até que finalmente ele seca e a morte nos espera.
Infelizmente todos nos deparamos com isso. A vida é curta está dito. E assim, analisando o que ficou para trás, por melhor que tenha sido, somos trespassados pela ideia de que poderiamos ter aproveitado mais, porque é que eu não fiz aquilo ?
Não, não estou a dramatizar. Estou a espetar-vos com o raio duma enxaqueca pré-17 anos ( se não tivesse o enxa até que nem era mau :D:D) e como tou sozinho vocês lêm o desabafo de um ser vivo na solidão (ok, não estou sozinho, mas há sempre que forjar uma boa história por detraz do que foi escrito, uma questão de marketing) que vai fazer O RAIO DE UNS DEZASSETE ANOOOOOS.
Sim e é mais coerente nem mudar o rumo deste pequeno debate comigo proprio (há sempre que debater com pessoas inteligentes, fica aqui o concelho, sigam o meu exemplo) para aquelas decisões, quem embora á primeira vista irrelevantes, teriam tornado o nosso percurso muito diferente se tomadas de outra maneira.
Tipo e se eu não tivesse ido para aquela escola e tinha um grupo de amigos totalmente diferente, se calhar até pensava de maneira diferente, ou até tinha sido atropelado um dia no caminho prá escola e como dizem os nossos bons e inteligentes amigos cristãos, “já estava com Deus” (estas piadas religiosas são sempre bem vindas, quem é que quer estar com Deus ? se vamos pegar em histórias eu quero tar com a Barbie ou com a Lois Lane, diz por aí que são jeitosas...).
Portanto, penso que não há nada para ser celebrado. Festas para quê ? Para me lembrar que ja não posso voltar aos quinze e que a cada ano estou mais velho ? Não obrigado, dispenso.
Um brinde com a familia e um ou dois amigos mais chegado chega-me.
Obrigado pela vossa atenção, voltem sempre :D