domingo, fevereiro 25, 2007

O Caminho



Caro leitor, para um pouco. Fecha o Messenger, desliga o mp3 e deixa-te levar pelas palavras.
Imagina que te dão um relógio, não um relógio comum, mas uma maquina com o poder de parar o tempo. Em breve, em minutos poderias fazer o que levaria anos a completar, aproveitar a vida sem te preocupares com um irritante tic-tac no pulso.
Agora és o dono do mundo, tarefas e dividas são rascunhos na tua historia, onde nadas a uma velocidade que te conduz a margens nunca atingidas. Num dia podes dar a volta ao mundo, escrever um livro, compor uma musica, conhecer pessoas, enfim, viver...
Tens tudo o que sonhaste e o tempo para o aproveitar.
Agora, pensa um pouco, reflecte neste parágrafo e diz-me considerar-te-ias feliz ?



Talvez, se a felicidade for maços de notas nas mãos, se ela for o poder para submeter os outros á nossas vontade, se ela for ter tudo.
Mas que é esse tudo ? E será esse tudo infinito ou não terá o próprio infinito um fim ?
Não, não é uma contradição. Se parares o tempo e sem tempo viveres, depois de um tempo, mesmo que longo, já terás visto de tudo, usufruído de tudo, sentido de tudo, então ainda queres tempo para mais ? De que valerá o tempo, depois já não existir nada o fazer passar ? De que te serve ele, se já experimentaste tudo na vida, tudo, menos o mal claro.
É analisando este contexto que eu defino a felicidade, não o auge do materialismo e do sentimentalismo, não o sucesso , tanto na carreira, como socialmente, mas sim o caminho para lá chegar.

Entendamos esta teoria como um campeonato de futebol. O caminho para a felicidade seriam os jogos e a felicidade a taça.
Penso não haver nada para um jogador, como lutar arduamente num relvado para atingir a taça. Mas de que vale tê-la de mão beijada ?
Agora imagina-te com uma sala recheada de taças, taças a chegarem diariamente, reconhecimento e fama, mas tudo, sem o proveito.
Depois que farias quando não houvesse nada para ganhar ? Só te restaria perder.



Assim, é demonstrável que a verdadeira felicidade é a escalada da montanha, pois chegado ao cume, não te resta mais montanha para escalar e tendo escalado todas as montanhas, só te resta descer.
Se apagarmos as metáforas e analisarmos a vida directamente, podermos perceber que é igual e que a vitoria é apenas uma ilusão. Por exemplo: o meu objectivo é comprar um par de sapatilhas, umas sapatilhas com um preço abismal, distante de uma pessoa do meu nível social, mas não tenho dinheiro. Ou seja, o caminho será angariar o capital para obter o respectivo proveito. Mas e depois de ter as sapatilhas calçadas, ? Saber-me-ão como eu imaginara, ou haverá uma pequena desilusão ? E depois de sucessivamente ter comprado todas as sapatilhas que havia ?
Analisando esse mundo, penso que seria aborrecido, mesmo frustrante o facto de olhar para milhares de sapatilhas, pois já tinha tudo que havia para ter.
E este exemplo podemos aplicar a tudo: empregos, viagens, relações, etc…



Constituirá assim o caminho para a felicidade a felicidade em si mesma ? É provável que sim, assim como é provável que não. Talvez o meu caminho seja descobrir essa mesma resposta, e a minha felicidade nunca a encontrar…

Paz a todos